Jardim japonês – uma Integração única de elementos para criar beleza

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Um convite a contemplação, o jardim japonês transmite paz e espiritualidade. Os aspectos visuais como a textura e as cores, em um jardim oriental são menos importantes do que os elementos filosóficos, religiosos e simbólicos. Estes elementos incluem a água, as pedras, as plantas e os acessórios de jardim.
Mais do que causar um efeito estético os jardins japoneses são planejados para transmitir valores e sensações de paz e equilíbrio com o meio ambiente, são conceitos derivados do Shintoísmo, principal religião do Japão que acredita que os homens e mulheres fazem parte da natureza e devem conviver harmoniosamente com ela.
Na arquitetura japonesa tradicional a casa esta contida no jardim, devendo este estar posicionado na recepção dos visitantes, em frente a casa, para que as visitas possam contemplar a paisagem e fazer um caminho espiritual.
O jardim japonês tem a pretensão de captar a essência da natureza através da simbologia e disposição dos seus elementos, os caminhos sinuosos de pedras afastam os maus espíritos e causam uma ilusão de amplitude espacial, conduzindo o observador por diferentes pontos de vista da paisagem.
Uma das características essenciais de um jardim tipicamente japonês é fazer uma simbiose com a parte interna da casa, criando uma atmosfera de equilíbrio e harmonia com a natureza.
A iluminação também é muito importante no paisagismo oriental. Decora-se o jardim com velas ou ainda com as tradicionais lanternas de pedra.

Tipos de Jardim Japonês

Conhecido como jardim japonês, os jardins orientais tiveram sua origem na China, pelo século VI, difundidos por monges budistas, porém os japoneses aperfeiçoaram a arte de fazer jardins, introduzindo diversos elementos simbólicos.

Embora os primeiros jardins tenham sido feitos para o deleite aristocrata, no período de Heian (794 – 1185 d.C.) os jardins japoneses foram amplamente difundidos, sempre trazendo o elemento da vida, a água na forma de um lago, com espécies que alteravam o cenário conforme o passar das estações do ano.

Ainda durante o período Heian foram registrados os primeiros jardins zens, o jardim zen ou Karensansui são aqueles jardins de areia e pedras, onde praticamente a vegetação é inexistente.

O jardim zen não é um lugar de passeio, apenas de contemplação e meditação, a areia é varrida simbolizando o fluir das ondas e tem grandes pedras representando as montanhas e a eternidade. A intenção do jardim zen é captar apenas a essência da natureza, não sua forma real. Sua estética minimalista induz o espectador a um estado de calma e reflexão.

Jardim zen
Jardim zen

No final do período Heian surgiu um novo estilo arquitetônico, derivado dos ensinamentos do Buda Amitaba, governante da região da felicidade, ou paraíso – assim como é o céu para os cristãos – chamado “jardim do paraíso”, este deve ter essencialmente uma ilha em meio a um lago, que representa o paraíso, morada de Buda, também conhecida como Horaisan ou Horaijima.
jardim do paraíso
jardim do paraíso

Esta ilha não deve ter conexão com a terra firme, por isso, não tem pontes. Pois, mesmo que o paraíso esteja perto é difícil para os mortais conseguirem adentrar em solo sagrado.

No jardim japonês do paraíso além da ilha “mestre”, isolada, podem ter outras ilhas, as principais são a Tsuru (Ave Grou) e a Kame (Tartaruga), que são representações dos animais sagrados da sabedoria e longevidade, estas duas podem ser acessadas com pontes.

Na sequência surgiram os Jardins da Cerimônia do Chá ou Roji, por volta de 1568 e 1600 d.C, no período Azuchi-Momoyama, onde os mestres do chá difundiram o uso das lanternas de pedra ou Toro, originais dos jardins budistas.

Estes são os principais tipos de jardins da cultura japonesa tradicional, alguns jardins preservados até hoje no Japão e disseminados pelo mundo.

Elementos do Jardim Japonês
Ricos em simbologias os elementos do jardim japonês são essenciais para compor o cenário espiritual e sensitivo da paisagem.
Os Caminhos do jardim:
Os caminhos tem a evidente função de conectar entre si os pontos do jardim, e por si só podem ser elementos de grande beleza, com objetivo de proporcionar uma caminhada prazeirosa ente os cenários do jardim.
No jardim japonês, temos basicamente dois tipos de caminho:
Nobedan e Tobiishi.

Nobedan:
É um caminho mais formal, por questões práticas, é indicado para lugares mais urbanizados, aonde há um grande fluxo de pessoas, perto das moradias. É construído de vários tamanhos de pedra, unidas entre si, para constituir um conjunto sólido, dando a impressão de uma massa única. Pode ser feito de pedras naturais, tijolo, pedras serradas, dispostas como um mosaico. Pode ser aplicado inclusive em estradas aonde transitam veículos.

Nobedan
Nobedan

Tobiishi:
É um caminho informal, mais indicado para lugares pouco urbanizados, naturais. É feito com pedras brutas ou serradas com aspecto natural, dispostas uma a uma ao longo do caminho, de forma serpenteante.
É o ideal para entremear um pequeno bosque, proporcionando uma caminhada prazeirosa e cheia de surpresas.
A disposição serpenteante das pedras nos obriga a estar atento para aonde pisamos, nos mantendo no aqui e agora, presente no momento e desligado dos problemas cotidianos.
Tobiishi
Tobiishi

A primeira pedra do caminho, sempre maior, é chamada de ‘kutsunugi-ishi”, ou pedra de tirar os sapatos. É um convite a quem queira tirar os sapatos, para literalmente “sentir” a caminhada.
As pedras no Jardim:
As pedras têm vital importância no jardim japonês, conferem um ar de ambiente inato, e muitas vezes procuram simbolizar montanhas e paisagens miniaturizadas. Transmitem uma idéia de secularidade, especialmente as pedras encobertas pelo musgo e pela poeira impregnada pelos anos. Os formatos mais comuns são os arredondados, sugerindo a ação de desgaste pelo tempo. Dispostas de forma casual, compondo conjuntos isolados de pedras que combinam entre si. Em certos conjuntos utiliza-se uma pedra maior na vertical para simbolizar o Pai, uma pedra na horizontal que simboliza a mãe, e pedras menores espalhadas ao redor simbolizam os filhos. Para um jardim japonês, o mais importante em relação às pedras, é dispô-las informalmente, de maneiras a não deixar nenhum indício da influência humana.

A água no Jardim:
O elemento água é essencial em um jardim japonês, representa a vida, e no sentido budista, a sábia adaptação a todas as circunstâncias. Para um jardim de amplo espaço e orçamento, uma boa opção é uma cascata natural, sabiamente projetada por um paisagista, onde a água cai em um lago repleto de carpas KOI. Enquanto a água representa a vida, a paz e a pureza, as carpas a fertilidade e prosperidade.
Para um jardim pequeno, um vaso Tsukubai representa sublimemente o elemento água. O fluxo constante da água renova a energia, e oferece um som terapêutico ao ambiente. Temos também a água bem representada no ”jardim zen”, onde as pedras grandes representam ilhas, e o cascalho branco representa o mar.

Lago com carpas no jardim
Lago com carpas no jardim

Outros elementos do jardim são:

Lanternas de Pedra: Símbolos da concentração servem para iluminar a mente e clarear os caminhos, as luminárias ou Toro são originais dos templos budistas da China, possuem o formato de casinha, segmentadas em 5 partes, representando os 5 elementos da cosmologia budista, a base deve tocar o chão simbolizando a terra, o meio simboliza a água, a luz o fogo, e o teto com uma bolinha, representam respectivamente o ar e o espírito.
Ponte ou Taiko Bashi: As pontes representam evolução e autoconhecimento, quando feitas de bambu simbolizam a capacidade de adaptação.

Taiko Bashi
Taiko Bashi

Pedras das Cascatas: As pedras das cascatas verticais representam o pai, e as pedras horizontais a mãe de onde brota a água, já as pedras espalhadas podem representar os descendentes ou no caso do jardim zen, montanhas e a eternidade.
Pedras das cascatas
Pedras das cascatas

Bambus: Em alguns jardins o bambu é amarrado para que fique curvado em direção ao lago, com um sinal de reverência a quem aprecia o jardim, nestes bambus são colocados os sinos do vento e os macacos de cerâmica, que representam os sons da natureza e a felicidade.

Arbustos e Árvores Perenes:
Os arbustos e árvores perenes representam o silêncio e a eternidade.
Flores Perfumadas: Apesar das flores não serem evidenciadas nos jardins japoneses, espécies como a Magnólia e Pitospóros podem ser utilizadas para recepcionar os visitantes e afastar os maus espíritos. Na entrada também são plantados o pinheiro representando o pai, azaleias simbolizando a mãe e touceiras de bambu para os filhos.
Sakura ou Cerejeira-japonesa-rosa: Tradicional esta é a árvore da felicidade, os japoneses tem até uma festa especial para época do seu florescimento no início de Março e Abril, o Hanami, o florescer da cerejeira representa um início de ciclo de vida.

momiji
momiji
Momiji ou Acer: O Acer é uma árvore que representa a passagem do tempo, no outono suas folhas vermelhas caem cobrindo o chão, a beleza melancólica representa um ciclo que se fecha em oposição a cerejeira, mas com a mesma importância.
momiji no jardim
momiji no jardim

Espécies de Plantas do Jardim Japonês
Além da Sakura e do Momiji várias espécies de plantas são usadas para compor a paisagem dos jardins orientais, listamos algumas das espécies mais comuns de árvores, arbustos, forrações e outras.

•Bordô-japonês (Acer palmatum);
•Pinheiro Negro Japonês(Pinus thumbergii);
•Cedro Japonês (Cryptomeria japônica);
•Cerejeira-japonesa-rosa (Prunus campanulata);
•Cerejeira-branca (Prunus serrulata);
•Olmo Japonês (Ulmus davidiana).

Arbustos do Jardim Japonês
•Pitosporo (Pittosporum tobira);
•Pinheiro-buda (Podocarpus);
•Tuias (Chamaecypares);
•Juníperos (Juniperus horizontalis);
•Azaleia de Grande Porte (Rhododendron simsii);
•Ligustro (Ligustrum sinense);
•Nandina (Nandina domestica);
•Buxinho (Buxus sempervirens);
•Bambú da sorte (Dracaena sanderiana);
•Bambu-negro (Phyllostachys nigra );
•Bambuzinho-de-jardim (Bambusa textilis gracilis).

Gramas do Jardim Japonês
•Grama Japonesa (Zoysia japônica);
•Grama Coreana (Zoysia tenuifolia).

Plantas próximas á lagos, propícias à umidade
•Avencas (Dianthum);
•Samanbaias;
•Peperomias (Peperomia ssp);
•Balsaminas (Impatiens).
Estas são só algumas espécies de plantas que podem ser usadas para fazer um jardim japonês.

Fontes:
lanterna de pedra: ateliê de esculturas para jardim oriental
site jardineiro
arquidicas paisagismo e jardinagem
japão em foco
Terracota Jardinagem