Reverência ao entrar e sair do tatame

Existem diversos rituais que fazem parte da vida de um dojo. Aqui não queremos definir o que é certo ou errado, haja visto a individualidade de cada espaço, e nem tampouco vamos falar da ritualística enquanto sacralização do espaço (vamos dedicar um texto inteiro só pra isso…). Mas, sem dúvida nenhuma, um dos rituais mais presentes em um dojo é a reverência ao kamiza.

O procedimento em si mesmo é simples, mas carrega muitos significados. Inicialmente é preciso reconhecer a existência de um kamiza. Este determina uma referência no qual corpo e pensamento devem fazer reverência. Em nosso dojo, o kamiza consta um quadro com a foto de O-sensei Morihei Ueshiba e um quadro com o conceito Aikido escrito.

Para além da liberdade individual, e outras ritualizações, é obrigatória a reverência ao entrar e sair do tatame. Existem duas possibilidades para esta reverência. Uma é a reverência sentada, onde a pessoa fica em seiza e procede do modo usual, ou seja, sentado, com os joelhos juntos, dedão do pé direito sobre o dedão do pé esquerdo, coluna ereta e com as mãos apoiadas sobre a perna, é visualizado o kamiza. Em seguida, a mão direita e esquerda formam um triângulo, no qual a cabeça toma como referência, e a coluna é inclinada, mas mantida reta. Por fim, a coluna é novamente levantada e as mãos retornam à posição original. Outra possibilidade, ainda na entrada e saída do tatame, é a reverência em pé. Neste, a pessoa se mantém em pé, com a coluna, pernas, braços, retos e juntos, e visualiza o kamiza. Em seguida, inclina o corpo, mantendo a coluna, braços e pernas retos. E, por fim, retorna a sua posição anterior.

Uma das características mais interessantes, desta reverência, é que ela deve ser realizada por todos aikidocas, e isso independe da graduação ou tempo de prática. Além disso, outras artes marciais também praticam esse ritual, ou algum semelhante.

De fato, estendendo esse ritual para fora do dojo, praticamente todas as pessoas praticam um ritual semelhante em suas casas. Pode ser na entrada, ao colocar a bolsa e mochila em um certo local ou mesmo na saída, como trancar a porta de uma maneira específica. Em todos os casos você está tornando o lugar mais familiar, se conectando com o espaço, em suma, tornando-o seu lugar. E assim deve se tornar o dojo para você. Ali você dispende parte do seu dia ou noite, sua vontade, sua dedicação. Bem como tantas outras pessoas o fizeram antes de você. E por todos esses motivos, e muitos outros, você o deve reverenciar.