Hora de revisar o Nafuda Kake

Nafudakake Ganseki

Toda vez que atualizo o Nafuda Kake, vejo um pouco da história do dojo.
Quem marcou história, quem passou por aqui e se criou algum vínculo com o aikido e com o grupo.
Cada nome ali mostra a integração do aluno com o dojo, incluindo nisso assiduidade, participações extras na organização, divulgação ou qualquer ação extra no dojo que vise sua continua manutenção e crescimento.
Os Nafuda representam a “conexão” entre o Dojo e o aluno, e simboliza que o indivíduo não é apenas um estudante do Dojo, mas um valioso membro que faz parte da organização.
A atualizações são às vezes um momento de felicidade, por aqueles que continuam a trilhar o caminho, mas também de tristeza por aqueles que interromperam sua jornada.
Ser artista marcial, depende muito de perseverança pessoal e disposição para enfrentar todas as dificuldades. Não é o sensei, o dojo, os companheiros de treino que te impede ou ajudam. Essencialmente é você mesmo.

Nafudakake Ganseki Dojo – detalhe

A Importância da Identidade Marcial na Correta Aplicação da Pedagogia

Em primeiro lugar, convém esclarecer o termo identidade, que se define por regras, características e qualidades pelas quais se pode diferenciar das demais e permite distinguir-se dentro de um conjunto. Dito isto, as artes marciais têm uma identidade própria em relação a outras atividades físicas? A resposta será desenvolvida neste capítulo. Nas suas origens, o termo Arte Marcial era muito claro, referia-se às práticas e métodos utilizados para lutar, ou defender a integridade física de um sujeito, que ao longo do tempo foi nutrido pela criação de um código de conduta e valores, que eles resguardados contra abusos que pudessem cometer os possuidores de conhecimento marcial superior e que pudessem causar danos aos seus semelhantes. Infelizmente, no século em que vivemos, o termo arte marcial tornou-se uma caixa confusa onde cabem muitas coisas,


VALORES ESPORTIVOS


As artes marciais são um esporte, um sistema de combate ou outra coisa? Muitos governos, em sua política de incentivo aos esportes colocam as artes marciais como esporte, quando na realidade são cultura, como indicaremos mais adiante. O presente capítulo é o resultado de muitas de suas conclusões.


O esporte consiste em uma atividade física e lúdica que faz com que seus praticantes se sintam bem, tanto física quanto mentalmente, que possui uma série de valores importantes, como os seguintes: promover a saúde, desenvolver a personalidade, educar o esportista socialmente e de alguma forma regras de equipe e sociais , socializando, isto é, convivendo e interagindo com seus pares, e adquirindo valores éticos de comportamento que podem ser divididos em individuais e coletivos, dependendo se o atleta interage com outros atletas ou não. Amizade, companheirismo, respeito, cooperação, simpatia, justiça, espírito esportivo (traduzido em jogo limpo), trabalho em equipe… Há até uma série de valores comuns, como são eles: comprometimento, responsabilidade, competitividade… Todos esses valores podem ser encontrados em os diferentes Esportes de Combate. Um exemplo de valores desportivos: a competitividade e a vontade de vencer.


VALORES MARCIAIS


Os valores marciais de vida que entram nas artes marciais, estas são, a ética marcial, é herdeira claro sobre todo o Bushido japonês ou do Wu Te chino, que eles ensinam além de mais valores tão louváveis quanto sacrificar-se pelos outros e mostrando um desinteresse egoísta, algo que choca com a ideia de competitividade. seguidores virtudes como: o sentido da justiça e da honestidade, o valor e o desprezo pela morte, a simpatia para com todos, a educação e o respeito pela etiqueta, a sinceridade e o respeito pela palavra dada, a absoluta lealdade para com os seus superiores e a defesa da honra do nome e o clã, isto é, da família marcial a que pertencia. Tudo isso se resumia aos seguintes valores fundamentais: dever (giri), magnanimidade (doryô), resolução (shiki), generosidade e tolerância (ansha).


WUDE – ÉTICA MARCIAL OU VIRTUDES DO GUERREIRO

Transmitida pelas diferentes escolas marciais chinêsas, influenciada sobretudo pelos ensinamentos de Confúcio, implica ter sempre uma conduta ética em todos os aspectos da vida, tanto em seus pensamentos quanto em suas ações. Os chineses distinguem dois tipos de moralidade: a moralidade do ato e a moralidade da mente. O termo “moralidade da mente” abrange os princípios morais que devem reger a conduta da pessoa em relação aos outros em todos os momentos, apenas por ser humano, sendo os seguintes: justiça, honestidade, sinceridade, cortesia, magnanimidade, diligência, boa fé e bondade. Enquanto com o nome de “moralidade do ato” os chineses se referiam à relação do aluno com seu Mestre, com seus companheiros de treino e com os demais pares, e inclui as seguintes qualidades ou virtudes: humildade, respeito, retidão, confiança e lealdade. Outros valores de natureza ética e moral, para além dos já referidos, são os seguintes: respeito pela vida humana e pela integridade física e moral dos outros, integridade, honestidade, coragem com compaixão, modéstia, honra, desprendimento, adaptabilidade, calma e paz interior, serenidade…, tudo isto demonstra a força interior do artista marcial que o eleva acima de um mero atleta, ao transformá-lo naquilo que os chineses tradicionalmente chamam: “jen”, o ideal humano, que se resume em algo muito importante: manter sempre uma conduta preservada em todos os aspectos da vida, tendo o cuidado constante de preservar e desenvolver os princípios morais mais elevados, algo que surge com a civilização e diferencia o civilizado do bárbaro; Por exemplo, no cristianismo existem quatro virtudes morais desde suas origens, chamadas virtudes cardeais, sobre as quais repousam toda a moralidade humana e são a base de outras virtudes derivadas ou contidas nelas; Essas virtudes cardeais são: prudência, justiça, força e temperança, que não são originárias do cristianismo, pois quatrocentos anos antes de Platão já as nomeava em sua obra “A República”, ampliando a arete, ou excelência política grega, que ele nomeou apenas três virtudes”.

Como disse Miyamoto Musashi, considerado por muitos o maior samurai de todos os tempos: “A verdadeira ciência das artes marciais é praticá-las de forma que sejam úteis em qualquer ocasião, e ensiná-las de forma que sejam úteis em todos os sentidos, ou seja, seus ensinamentos podem, e devem, ser aplicados em qualquer faceta humana. Além disso, os professores incentivam o crescimento físico e intelectual de seus alunos; Como diz um antigo provérbio chinês: “O guerreiro também deve ser um estudioso para ter plena consciência de seu poder.” E é verdade, pois a arte marcial não é apenas uma atividade física que desenvolve, mas também é cultura, com tudo o que isso significa, pois, além dos valores já mencionados, implica o estudo da história e da filosofia. entre outras disciplinas acadêmicas. Segundo o jurista, filósofo, político e orador romano Marco Tulio Cícero: cultura é tudo aquilo que enriquece a alma e o intelecto, a mente e o espírito, e acho que ele tinha toda a razão. Por isso, as artes marciais são cultura, enquanto um sistema ou modalidade de combate é apenas esporte, pois combina atividade física lúdica que implica competição, ou seja, superação dos outros, enquanto nas artes marciais o vital é o próprio. derrotar o outro é uma consequência, não o fim. Com as artes marciais o praticar deve treinar e estudar, enquanto os atletas só treinam já tem o suficiente. Essa é uma grande diferença, embora, logicamente, os treinadores esportivos sejam obrigados a estudar diferentes disciplinas para poderem praticar a sua atividade corretamente.

Devemos lembrar algo que o citado professor Cuevas nos lembrou na comissão comentou: “Qualquer professor de qualquer arte marcial tradicional, seja ele quem for, que tenha experiência e anos de trabalho e estudo de sua disciplina, sabe transmitir a autodefesa do seu sistema e pode aplicá-lo à polícia porque tem autocontrolo, aos militares porque conhece perfeitamente as técnicas mais duras e eliminatórias, e à defesa pessoal completa porque é assim que se sustenta a maior parte das suas técnicas”, enquanto o Auto Sistemas de Defesa eles só se especializam em seções porque não são abrangentes, o que não é ruim, mas também não é perfeito, mas o que é perfeito?

A PERSONALIDADE MARCIAL.

Tudo isso dito, como distinguir uma arte marcial de outras atividades físicas? Fácil, as Artes Marciais, para além das suas vertentes técnicas e estratégicas próprias, deve incluir os seguintes componentes que nutrem o seu ADN: O cultivo da saúde através do treino físico, algo que também o desporto faz, desenvolvendo as qualidades físicas do indivíduo, mas em Artes Marciais este desenvolvimento físico não é realizado como um objetivo, mas como uma consequência. O desenvolvimento de valores morais mais amplos do que os esportivos, como já mencionei. O reforço de uma visão filosófica da vida, colocando em prática os valores militares em todos os momentos, transferindo-os para todos os aspectos da vida. Aprender técnicas eficazes de defesa pessoal, algumas até mais ricas que os dos modernos Sistemas de Defesa Pessoal, e com uma visão integral. O estudo de diferentes tipos de treinamento tradicional longe dos sistemas modernos de treinamento físico, que abrem as portas de seus praticantes para a história e cultura milenar da arte marcial escolhida. Além disso, em algumas Artes Marciais inclui-se no seu estudo e treino o manuseamento de diferentes armas tradicionais que reforçam o que já foi referido e, ainda, noutras, inclui-se o estudo preventivo e reabilitador de sistemas relacionados com a Medicina Tradicional Oriental, como chi-kung, massagem ou acupressão. Há mais uma diferença entre arte e esporte que consiste no seguinte: na competição há alguém a ser superado, enquanto na arte há alguém a ser movido. que abrem as portas de seus praticantes para a história e cultura milenar da arte marcial escolhida. Além disso, em algumas Artes Marciais inclui-se no seu estudo e treino o manuseamento de diferentes armas tradicionais que reforçam o que já foi referido e, ainda, noutras, inclui-se o estudo preventivo e reabilitador de sistemas relacionados com a Medicina Tradicional Oriental, como chi-kung, massagem ou acupressão. Há mais uma diferença entre arte e esporte que consiste no seguinte: na competição há alguém a ser superado, enquanto na arte há alguém a ser movido. que abrem as portas de seus praticantes para a história e cultura milenar da arte marcial escolhida. Além disso, em algumas Artes Marciais inclui-se no seu estudo e treino o manuseamento de diferentes armas tradicionais que reforçam o que já foi referido e, ainda, noutras, inclui-se o estudo preventivo e reabilitador de sistemas relacionados com a Medicina Tradicional Oriental , como chi-kung, massagem ou acupressão. Há mais uma diferença entre arte e esporte que consiste no seguinte: na competição há alguém a ser superado, enquanto na arte há alguém a ser movido. inclui-se o estudo preventivo e reabilitador de sistemas relacionados com a Medicina Tradicional Oriental, como chi-kung, massagem ou acupressão. Há mais uma diferença entre arte e esporte que consiste no seguinte: na competição há alguém a ser superado, enquanto na arte há alguém a ser movido. inclui-se o estudo preventivo e reabilitador de sistemas relacionados com a Medicina Tradicional Oriental, como chi-kung, massagem ou acupressão. Há mais uma diferença entre arte e esporte que consiste no seguinte: na competição há alguém a ser superado, enquanto na arte há alguém a ser movido.

Texto escrito por Walter Amorim Sensei

Novo dojo

Em pleno funcionamento nosso novo dojo ganseki.

O Ganseki Dojo, iniciou treinamentos em novo local: Fica na rua São Francisco Xavier, 266, sobrado. Tijuca RJ.

Com treinos as segundas, terças, quartas e quintas-feiras das 19:30 às 21:30. Em breve novos horarios. Um local ótimo para treino de armas e todas as outras movimentações de nossa arte. Um dojo com o pé direito alto e bem ventilado; possuindo inclusive sistema de exaustão em conjunto com os ventiladores, de forma a que o aluno desenvolva plenamente seu potencial. 8 horas de treino em um ambiente direcionado a arte marcial tradicional.

Consciência é o primeira arma de defesa pessoal

Consciência. Este é provavelmente a sua maior arma de auto-defesa.

Eu tento ser um “observador de pessoas”. Acho que está atitude vem de anos de trabalho em um ambiente onde você tem que prestar atenção ao seu redor e as pessoas em sua área imediata. Eu não posso te dizer quantas vezes eu estar na parte de fora de um supermercado ou uma loja de departamento e ver que as pessoas observadas (mulheres e homens) saem do edifício com a sua atenção em qualquer lugar exceto em seus arredores. Eles “estão” em mensagens de texto. Eles “estão” em seus telefones celulares. Eles estão gritando com seus filhos. Eles estão mexendo em sua bolsa para alguma coisa. Eles estão verificando seu carrinho de ter certeza de que não esqueceu o leite. Eles estão procurando e fazendo qualquer coisa e tudo ao mesmo tempo, exceto a única coisa que precisam fazer: olhar em volta deles.

Sempre conto uma historia antiga de quando comecei a dar aula em uma academia no centro da cidade e morava no mesmo bairro. Nos dias de aulas de armas tinha o hábito inicialamente de andar com o bastão ou jo em minha mão ao longo do corpo caminhando pela rua. Fiquei impressionado que a esmagadora maioria das pessoas não percebiam. Dos que persebiam muitos somente quando eu estava bem próximo deles. Dentro do “maai”. Não esquecendo que estamos falando de um bastão de madeira de 1 pol de diâmetro e 1,3 m em média de comprimento!! Ou seja: Como digo sempre que cito esta historia: Não precisa de uma arma para assaltar ou atacar as pessoas em geral. Basta muito menos que isso. Se estas pessoas vivessem em uma cidadizinha pacata seria compreensivel. Assim como os animais que não sãop caçados e não tem medo do homem. Mas esta historia se passa no Rio de Janeiro que é quase que como São Paulo em periculosidade. (Elas se alternam no primeiro lugar conforme os resultados das eleições ao longo do tempo. rs rs ). Embora eu estou acostumado a esse comportamento, ele ainda tem o hábito de chocar-me um pouco.

Quando você sai de uma loja, especialmente nesta época do ano que chega, você deve prestar atenção ao seu ambiente. Olhe para a direita. Vire a cabeça para a esquerda e “digitalize” toda a área. Olhe para frente e repita o processo novamente. Se você ver qualquer coisa que não pareça certo, não prossiga. Volte para dentro. Volte em alguns minutos e “digitalize” a área novamente. Se ainda assim não parece certo. Para as mulheres (ou qualquer homem que se sinta intimidado com essa situação. Não há vergonha): Volte e encontre um segurança, um gerente, um empregado, um colega, e peça-lhe para levá-la ao seu veículo. Não seja tímida. Não se sinta constrangido. E confiem em mim, alguém vai ser mais do que feliz em levá-la para fora. No caso do homem é facultativo pedir segurança mas a medida que está com valores fica mais necessa´rio. Melhor seria evitar carrega-los ao máximo.
Quando você se aproxima do seu veículo, certifique-se de olhar ao redor para qualquer coisa fora do comum. Se algo não parece certo:. Baixou a janela em seu carro e você sabe que não estava assim quando você saiu? Luz interior acesa e você sabe que você não tê-la deixada ligada quando você saiu? Estranho veículo estacionado ao lado de seu carro com alguém nele e o motor funcionando? Um cara ou dois aparecem para trabalhar em seu carro junto com ao seu? Continue caminhando. Círcule em volta e volte para dentro. Peça ajuda.

Lembre-se, não há vergonha em ter cautela. Ter ciência da situação não é estar sendo paranóico.

Muitas pessoas têm muitas ideias diferentes sobre o que implica auto-defesa. Não importa o que você já ouviu antes, sua prioridade número um, quando atacado, é escapar.

Ao contrário da crença popular, não é a sua técnica de, ao defender a si mesmo, vencer o seu bobo atacante e deixá-lo deitado em uma poça com seus próprios fluidos corporais. Na verdade, isso pode levá-lo a mais problemas com a lei do que o ataque inicial. Você só está autorizado a usar a quantidade de força necessária para se proteger.

Quando as pessoas pensam de fuga, eles pensam em fugir. Você deve perceber que, se quando você corre, você não está fugindo de algo ou alguém. Você está executando algo. Você está executando um procedimento de segurança. Você está correndo para se ajudar.

Lembre-se também que, pensar: CORRA! Não a meio caminho a ser executado. Não corra para a pouca distância dar uma parada. O mais importante: não olhe para trás. Pessoas que treinam a polícia K-9 nos EUA fizeram uma observação ao longo dos anos. Eles notaram que nunca a maioria das pessoas que realmente escaparam do cão que estava correndo atrás deles olhou para a besta rosnando e latindo em seu encalço. É uma coisa mental. Quando você olha para trás para ver onde o atacante e, se ele ainda está atrás de você, se ele está ganhando de você, ele distrai a mente da sua finalidade naquele momento: fugir. Se o seu perseguidor está mais próximo, você entrar em pânico. Se você não vê-lo, inicialmente, você subconscientemente pode desacelerar de alívio.

Outra coisa importante a lembrar é que a fuga não significa apenas que você faça alguma incrível técnica de artes marciais, o atacante fique abatido no chão, e voce comece a fugir. Às vezes escapar é o meio para não se colocar em uma situação de perigo em primeiro lugar. Ao usar a sua consciência e bom senso você pode mudar a sua posição, e assim, escapar de um ataque antes que aconteça. Esteja atento. Olhe para os sinais de perigo. Ouça o seu sistema de alarme interno. Se sentir algo estranho  não olhar e evitá-lo. Por exemplo: se você sair do seu negócio ou em qualquer lugar tarde da noite e há um grupo de pessoas na esquina ou em qualquer lugar entre você e seu carro, o que está errado em atravessar a rua e evitá-los completamente? Se eles realmente te atacam ou não, não é a questão. A questão é: Será que realmente vale a pena descobrir?

Sempre tente um jeito de escapar, se possível. Se você entrar em um lugar que você nunca esteve antes, em torno de pessoas que você não conhece, você deve saber onde as saídas são. Não há mal nenhum em sentar-se perto de uma das saídas depois de entrar em qualquer lugar desses.

Se a consciencia não for suficiente pra livra-lhe de problemas, as técnicas de auto defesa que ensinamos serão também úteis.

Quanto para se aprender aikido?

Um amigo meu da sansuikai (Grande Sensei Tassio) escreveu a uns anos atrás, a sua resposta a uma pergunta das mais freqüentes quando se procura uma academia de aikido:  Quanto tempo para aprender o aikido? Eu acredito firmente que se deva enfatizar: Depende do que voce entende por aprender em primeiro lugar.

Como em muitas outras coisas no aikido e nas artes marciais em geral, não existe uma resposta “gabarito”. Como ele mesmo disse em seu texto, foi unicamente sua experiência e visão. Então resolvi colocar minha forma de ver isso, já que é uma questão tão recorrente para os iniciantes.

Muito do que direi se alinha com meu amigo, mas difere pouca coisa em um e outro ponto principalmente por dois motivos:

Temos experiências e trajetórias diferentes;
Minhas aulas tem uma estrutura diferente mesmo que didática;
Quando se tenta estimar um tempo, horários mais ou menos extensos de aulas, quantidades e dias, além da equipe envolvida, levam a resultados diferentes.

Meu amigo fala primeiro do professor.  Da mesma forma considero um bom professor:

Ter seriedade no que faz, (não confundindo seriedade com mau humor), responsabilidade e capacidade. Esta é aparentemente obvia. Mas já vimos tantos que ou não tem capacidade para realizar o aprendizado do aluno, ou não é responsável – as vezes abandonando a turma de repente – ou ainda ao  invés de faltar a responsabilidade ou capacidade, o sujeito é aquele que acha que ser o capitão limão em pessoa é sinônimo de ser sério no seu trabalho. Não podia estar mais enganado. Mas este tem seu público e é menos prejudicial do que aquele que não tem a capacidade ou responsabilidade.

Além disso:

  • Preocupar-se com a sua segurança, bem-estar e aprendizado.
  • Dar a você condições reais para aprender e evoluir, e isto a meu ver está ligado diretamente a procura dele mesmo. Se aprimorando continuamente e estando atento para desenvolver a melhor didática para que os alunos absorvam o quanto puderem;

É difícil um iniciante identificar estes fatores para tomar sua melhor decisão na escolha do professor, mas mesmo que você não tenha de repente o “feeling” de alguém que já fez arte marcial e que de repente identifica melhor o bom professor para ele mais facilmente, você pode utilizar aquela dica que meu antigo sensei sempre falava: “…é importante ver quem é o pai e o avô do sensei…” Ou seja a “arvore genealógica” é importante e informações de sua trajetória podem ser obtidas. Antigamente você tinha que perguntar a um ou outro conhecido ou dar uma “investigada”. Hoje a internet pode ser uma boa fonte. O próprio site do dojo ajuda. Desconfie no entanto do site com poucas informações da trajetória ou se parecer algo fantasioso em algum lugar. Correlacione estas informações do site com outras, da web e fora dela se possível. Depois assista aulas dele e de outros sensei e converse com ele. Faça algumas aulas iniciais e veja se ali é seu lugar. Não deixe de pesquisar.  Tem um ótimo artigo sobre isso que coloquei aqui no site chamado ervas daninhas. Não deixe de ler. Não é meu infelizmente mas bem que gostaria que fosse.

Mas escolhido o local, e professor, vamos as contas:

1. Aprenda rolamentos: A parte mais complicada do início e a mais importante. Vai começar antes de outros movimentos ainda básicos mas vai aprender bem mesmo só por último dentro do pacote do “básico’.

Esse pacote varia e tem alguns grupo tradicionais tem só uns dois rolamentos: Para frente e para trás. Outros podem ter 6,7, 8 e ainda considerar básicos. Acredito que dentro dos básicos, nem tanto ao mar, nem tanto a terra: Uns quatro ou cinco ukemi desde que bem feitos já resolvem 80% dos problemas de todos e 100% dos iniciantes.

de 2 a 4 meses para ficar legal dependendo do candidato. Vamos assumir uma média de 3 meses.

2. Básico 2: Aprenda as movimentações básicas:

Kaiten; Tenkan; Tenshin; Irimi.

Como disse você vai iniciar um pouco depois do treinamento de rolamento e vai aprender bem antes deles de forma satisfatória. Está misturado naqueles  meses iniciais,  mas some uns 6 meses nessa lenha toda do 1 e do 2…

3. Técnicas básicas. Técnicas básicas de dois ou 3 primeiros kihons com certa facilidade e algumas de média dificuldade de forma razoável. Com uma ou outra avançada que você conseguiu assimilar mais facilmente. somemos 1,5 anos considerando que você já esta treinando a certa altura naquele esquema que chamo integral na academia: 8 horas semanais mais participação nos treinos mensais e especiais.

4. Pegando carona na divisão de aprendizado focando nos 7 princípios, quie meu amigo adotou: Fiz uma ou outra pequena adaptação, pois acho que este princípios tem curva de aprendizado diferente. Quais estamos falando:

Respiração (kokyu); Céu e terra (ten chi); Centro forte (tanden); Movimentação dos pés (tai sabaki); Conexão (musubi); Distância (ma ai); Timing (de ai).

Agora vamos dividir o aprendizado em fases, com suas respectivas estimativas de tempo:

4.01) Aprender os conceitos: Depois de treinar uns 2 anos, 2,5 anos você sabe o significado deles e com sorte aprendeu razoavelmente alguma coisa do tai sabaki;  o ma ai e o de ai..

4.02 ) O tan den começa a aparecer mais uns dois anos após o 4.01 junto com o início do entendimento do kokyu. 2 anos

4.02) Entendendo a lógica deste s princípios anteriores você começa aplicar nos movimentos e desenvolver o conceito de ten chi e musubi. Como disse meu amigo Tasso: a lógica da aplicação prática desses princípios na técnica. E as sacadas e que bem exemplificou: “nossa como não vi isso antes?” realmente acontece com todos. É engraço mesmo! uns 3 anos

4.03) Meu amigo, o autor original, disse que esta leva 20 anos e ainda está nela. Ainda estamos nessa hora tentando desenvolver a respiração, pois ainda está muito aquém provavelmente. Assim como o tandem. Os outros também, pois se já desconfiaram será um aprendizado eterno. Mas estes já devem estarem melhor desenvolvidos dependendo do instrutor(es) que obteve. É a introspecção dos princípios que você na sua mente já absorveu. Eu também estou nesse tempo ainda. De outra forma poderíamos dizer que o subconsciente começa a “tocar” o que você tentou assimilar de forma mais consciente ou alimentando o banco de dados. Realmente é a ótima fase, mas acho que dura mais…

5. E o que vem depois? Meu amigo fala em controle da energia, talvez, ki. Estou com 22 anos de aikido, treinei em diversas algumas vezes adversas) federações, com grandes mestres do Brasil e do exterior. E como disse acho que ainda estou na 4.03 e não sei quando sairei… Mas tem faixa preta ou shodan recente que já está dando aula de ki e desenvolvendo um novo estilo!!

20, 25 anos? Eu diria que 27 a 30 anos de aikido já fica uma boa medida de que aprendeu. Se teve bom professor, se se aplicou bastante, pesquisou constantemente, utilizou a arte como caminho de vida, aí deve você deve, após esse tempo, ter aprendido o aikido de forma mais simples. Não é um shihan, é claro, mas sabe alguma coisa…  Quando chegar lá eu falo se aprendi…

Nafuda Kake

Nos dojos tradicionais do Japão é comum encontrar Nafuda Kakê, um quadro com pequenas tábuas de madeira onde os nomes dos alunos e instrutores são escritos e ordenados por graduação. Os alunos listados acima receberam estas graduações e através do treinamento constante e dedicação assimilaram com sucesso as técnicas de cada nível.

Poderia se dizer que Nafudakake (名札 掛け Hiragana:な ふ だ かけ な ふ だ かけ) é um grupo de “etiquetas” ou tabuletas no dojo de artes marciais japonesas e outras artes no Japão (como a cerimônia do chá japonês) que mostra os membros do dojo, e às vezes suas classes. Normalmente, cada nome está escrito em uma placa separada de madeira e fica pendurada em um gancho de metal pequeno, ou mantida no lugar por vigas de madeira. No dojo onde nível é indicado, a tabua de uma pessoa é movida a cada obtenção de um grau superior. Nafudakake também são usadas em santuários xintoístas, para exibir os nomes dos benfeitores.

Não deixa de ser um pouco assim, com os alunos de um dojo, pois não só depende de suas graduações ,mas eles sobem também em um esquema as vezes semelhante a uma pirâmide, de acordo com sua integração com o dojo, incluindo nisso assiduidade, participações extras na organizaçõ, divulgação ou qualquer ação extra no dojo que vise sua continua manutenção e crescimento. A desagregação do Kanji para o termo revela o seguinte:

  • Na / Mei: nome, fama
  • Fuda / Satsu: etiqueta; placar; placa de identificação
  • Kake / Kakai: suspender; instalar

No Nafudakake as placas de madeira com o nome de todos os membros ativos do Dojo são penduradas, em ordem de sua classificação. Os Nafuda representam a “conexão” entre o Dojo e o aluno, e simboliza que o indivíduo não é apenas um estudante do Dojo, mas um valioso membro que faz parte da organização. Membros do Dojo que estão em boa posição com a escola terá sua placa de identificação com orgulho ocupando uma espaço no painel ou estante, pode se dizer. Enquanto há uma história significativa de um treinamento individual no Dojo como membro em boas conexões permanentes e íntimos têm sido formados a partir de treinamento em conjunto, a Nafuda permanece na rack. Mesmo que uma pessoa se afasta, seu coração ainda ocupa um lugar no Dojo. Se pode “sentir” que a pessoa gostaria de ainda estar lá e vai estar lá sempre que possível. Anos podem passar e os Nafuda permanecem no  painel enquanto que o sentimento de conexão continua. O NafudaKake também é usado para indicar a posição e status dos alunos que treinam no Dojo. Uma cremalheira separa estudantes com graduação de Kyu e com graduação de Dan  indicando aqueles que obtiveram graduações mais altas por meio de esforço honesto. Este método de rastreamento dos membros serve como uma fonte de motivação e cria um forte sentimento de ligação entre os membros do dojo. Nafuda geralmente são construídos a partir de madeira leve, tais como abeto ou pinho. Eles podem permanecer naturais, sem qualquer forma de tratamento ou acabamento. Uma ferramenta especial é usada para escrever nomes no Nafuda, acrescentando autenticidade e beleza para eles. Em muitos casos, no lado de trás das placas Nafuda, há  informações relativas  a promoções do respectivo membro registradas. Isto permite a rápida revisão do histórico de treinamento dos membros.
Placas Nafuda podem ser re-utilizadas, quando um estudante sai, simplesmente pode-se lixar da placa de madeira o nome, no entanto os detentores de Dan devem ser geralmente mantidos no Nafuda desde a realização do exame de faixa-preta em caráter permanente.

Ética no Dojo

Como falei outro dia (quinta ou sábado) sou muito condescendente no que diz respeito ao comportamento no dojo. Exemplificando o que digo,  vejam que nosso Shodan,  que foi de outro dojo, cumprimenta ao início de cada técnica seu companheiro de treino –  e está é a regra tradicional . Nunca fui de exigir isso dos alunos, embora ache boa prática. Gosto de manter um clima mais descontraído no dojo. Pulo as vezes algum cerimonial mais formal. Isso é comum  nas academias cariocas. Mas o espírito de respeito a arte, ao sensei e aos companheiros de treino, deve ser mantido.  Infelizmente, mas não frequentemente, alguns confundem tudo e começam a achar que o dojo é o quintal de casa. Mesmo nessas horas eu costumo avisar com antecedência e advertir exageros, primeiro indiretamente, depois diretamente. Mesmo assim, ocorrem raras vezes que temos que ser mais drásticos. Quem não acompanha todo o processo acha até que fomos precipitados. Isto por que não percebem o que ocorre antes, ou não estavam ainda presentes quando os primeiros desvios comportamentais ocorreram. Normal. Nestas horas, de novo, tem que haver confiança no sensei que conduz o grupo. Abaixo reproduzo algumas regras de etiquetas tradicionais .  Realmente o aluno que queira permanecer no caminho tem que seguir em sua essencia. Inclusive algumas regras que considero muito importantes, destaquei em vista de alguns eventos passados. Em itálico, eventualmente, complementei com algum texto.

Regras de etiqueta e comportamento do Dojo:

1) É responsabilidade de todos manter as regras tradicionais de conduta no Dojo. Este espírito vem do Fundador e deve ser respeitado, honrado e mantido.

2) É de responsabilidade de todos criar uma atmosfera positiva de harmonia e respeito.

3) O Dojo não deve ser utilizado para outro fim a que se destina, salvo expressa ordem de Sensei.

4) A limpeza é uma oração de agradecimento, é dever de todos executar a limpeza física e do coração de todos.

5) É decisão do Sensei quando ele deve ensinar alguma técnica. Não se pode comprar técnicas. A mensalidade é uma pequena parcela para ajudar a pagar as despesas para o local de treinamento e é uma forma muito pequena de demonstrar a gratidão do aluno ao mestre por seus ensinamentos.  Este é um princípio muitas vezes esquecido no dia atual. Pessoas começam a achar que o dojo é um curso de inglês ou algo parecido (nada contra cursos de ingles rs rs, mas tem que se entender a diferença.)

6) Respeitar, Respeitar, Respeitar, é um pensamento contínuo no Dojo.

7) É um dever moral de todos usar as técnicas para fins pacíficos visando sempre construir. Não deve haver conflitos do Ego no tatami. Aikido não é um ringue de competição de vaidade.

9) A insolência jamais será tolerada, devemos ter consciência de nossas limitações.

10) Cada pessoa tem condições, e razões diferentes para treinar. Devemos respeitar suas expectativas.

11) Jamais se deve contra argumentar com o professor.

12) Jamais deixe de fazer a reverência ao Kamizá ao entrar e sair do Dojo.

13) Respeite seu uniforme de treinamento, deve estar sempre em boas condições e de aparência.

14) O Dojo não é uma praia, sente-se sempre em seiza ou com as pernas cruzadas no estilo japonês, no caso de ter problemas no joelho.

15) Quando o Sensei demonstra uma técnica, fique sempre em Seiza, após, faça uma reverência, e comece imediatamente a praticar.

16) Quando o final de uma técnica é assinalada, cumprimente o parceiro e vá imediatamente para seu lugar de início da aula.

17) Se for absolutamente necessário perguntar algo ao Sensei, vá até ele, não o chame para si.

18) Respeite os alunos mais experimentados, jamais discuta se as técnicas estão erradas ou não.

19) Se você não é Yudansha, não corrija ninguém. A não ser a pedido do Sensei, quando é bem vindo o espírito de colaboração. Se voce foi assim designado deve compreender que isso é uma demonstração de confiança d0 Sensei, e contribuição aos colegas que são mais novos como voce foi.

20) Não converse em cima do Tatami. Aikidô é experiência. Não exigo que se fique mudo todo o tempo, mas exageros devem ser evitados. Quando se começa a desviar a concentração sua e de outros deve se controlar.

21) É responsabilidade de todos manter o dojo limpo, de preferência deve ser varrido diariamente.

22) Não se deve usar jóias, mascar coisas no tatami. Além do corpo somente se usa o uniforme. Antigamente os antigos professores não deixavam nem treinar de aliança. Mas hoje, pelo menos, deve se ter especial cuidado em objetos que possam ferir a voce ou aos outros amigos de treino.

O caminho, a vivência, o aperfeiçoamento

Durante muito tempo, a prática das artes marciais do caminho ( Kendo, Iaido, Aikido, etc) no Brasil estava restrita aos imigrantes e seus descendentes, dentro das colônias japonesas espalhadas por todo o país. A excessão vai por conta do Judo que muito se popularizou inclusive prática interessante para a formação das crianças. Embora todas as artes marciais tradicionais (tradicionais utilizo nesse caso para as artes marciais ,  ou escolas de determinada arte marcial, que possuem filosofia e podem ser verdadeiramente chamadas de arte marciais e não lutas. Isto é assunto para um outro texto…)
…..Me lembro dos meus antigos treinos de Karate e como os moldes antigos de treinamento eram severos e não poupavam aqueles que estavam fisicamente e mentalmente esgotados de ofensas e maus tratos infligidos pelos mestres e treinadores. Mas por trás deste cenário militarmente árduo estava a construção das bases que moldariam a força de vontade das novas gerações.
…..O país de origem destas artes marciais que vou focar, (vou deixar de lado por enquanto as outras de outras origens, mais por  falta de um conhecimento profundo. Prometo falar um pouco sobre elas no futuro), o Japão, é um país de tradição belicosa. Durante séculos, houve conflitos de diversas escalas configuraram mente e espírito deste povo. Desde a formação do império, as tentativas de invasão mongol e a era das guerras civis (Sengoku Jidai), os japoneses sempre tiveram a consciência de que seu país era pequeno e limitado em termos de recursos naturais. Quase insignificante perto de potências estrangeiras, tal como a imensa China continental. Essa noção de inferioridade territorial possivelmente fez com que percebessem que sem o mais árduo esforço em desenvolvimento, poderiam ser dominados a qualquer momento. Isto além de moldar esse instinto de preservação de seus domínios o incentivou a tentar buscar outros territórios, que originaram invazões a china e é a raiz de certa animosidade entre os povos da China e Japão até os dias de hoje. Sabe do que falo? Experimente chamar um chinês, de Japônes, e preste atenção na sua reação….

Método
…..    A necessidade de não descperdiçar recursos trouxe certas características interessantes ao povo Japonês. Não é por acidente que eles tem tanto sucesso na parte de gestão da qualidade e conseguem produção de produtos com qualidade duradoura e comprovada? Já teve um carro Honda? (Não estou ganhando nada da montadora infelizmentre, mas me apaixonei pelos carros dela desde quando começei a usar um. Existe hoje para mim dois carros: O carro Japônes e o que estou usando enquanto não compro outro Japonês.. rs rs. Se bem que os coreanos… Outro assunto para outro blog… ) Os japoneses são conhecidos no mundo todo por duas características principais: serem muito metódicos e decididos. Método e decisão são elementos básicos de processos administrativos e produtivos que visam contemplar e desmantelar um problema para, através da criatividade e/ou esgotamento de possibilidades, alcançar uma solução. Reflexo da necessidade de analisar muito bem os pormenores para não desperdiçar recursos valiosos.
Já o elemento decisão tem a ver com a certeza de que está no caminho certo, após muito ponderar. Isto tem uma lógica pois depois de muito insistir, estudar uma questão não sobra espaço para exitação que pode, quando há incerteza, produzir uma falha. Uma vez decidido, um japonês iria até o fim. Quem nunca ouviu falar que um japonês é “oito ou oitenta”?
…..Essa capacidade de síntese entre método e decisão, além de trabalho árduo levou seu país ao status de 2ª maior economia do mundo poucas décadas após uma destrutiva guerra. Mas qual é a origem de tal pensamento metódico e dessa sede de aperfeiçoamento?
…..Os treinamentos marciais japoneses levam em consideração tais elementos e por conseqüência, tornam-se ferramentas para o desenvolvimento espiritual do guerreiro/lutador/praticante. Abro um parêntese aqui para esclarecer sobre o emprego do termo “espiritual”: diferente do pensamento ocidental, onde espiritualidade está fortemente conectada com religiosidade, aqui o emprego da palavra se refere ao domínio da mente sobre as necessidades do corpo, utilizando-se da força de vontade interior para extrapolar limites físicos e disciplinar aspectos considerados negativos da personalidade humana, como preguiça, falta de perseverança e agressividade. Diz se que treinar o espírito é treinar a vontade de vencer.
Nesse aspecto existem alguns doutores da lei que, por não entenderem, muyito bem esse conceito acabam por envolver artea marcias, sobretudovemos isso no nosso aikido, com religiosidade.  O-Sensei, e outros professores com quem treinei aikido, eram da O-Omoto mas nunca foi exigencia para aprendizado do aikido ou qualquer arte marcial.
Keiko
…..Ao se tornar cada vez mais experiente em sua tarefa, os detalhes técnicos são amplamente estudados em sua forma mais básica, possibilitando ao corpo reagir com posturas e movimentos considerados corretos pela teoria da arte em questão. A partir desse ponto é que possivelmente perceber que a evolução é diretamente proporcional ao esforço investido no planejamento técnico e físico do treinamento. E sem dúvida, algo muda na mente deste praticante maduro.
…..Tornando-se graduado em sua arte, é possível perceber que existe uma forte confiança em sua força e sua técnica, que o leva reflexões cada vez mais profundas a respeito da natureza do conflito, da agressão e da defesa pessoal.
…..A violência e uma eventual fatalidade são consideradas contraproducentes. É interessante que, através do treinamento de técnicas violentas percebemos que é lamentável que uma situação vá até o ponto onde elas sejam necessárias. Parece que, somente onde falha a diplomacia é que o uso da força militar será necessária. E a falha da diplomacia é a falha do próprio treinamento, tanto valorizado. É claro +que, não é sóm por seu lado que voce controla a situação sem o uso das técnicas e em vinte tantos anos existiram situações extremas que o uso, primeiro do karate e depois do aikido, na sua forma marcial pura foi necessária.
…..Mas falando um pouco deste termo “caminho” utilizado no JuDO, KenDO, IAI-DO, Karate-DO, AikiDO. Todas essas artes carregam o sufixo que indica que são mais do que uma mera prática marcial voltada para o conflito. Suponho que uma boa adaptação do termo “caminho” seria “vivência” , pois a despeito de formulações históricas, tais artes podem ser consideradas meios de desenvolvimento físico e mental, onde o praticante está conectado a uma série de conceitos morais, éticos, filosóficos e até mesmo religiosos, que influenciariam seu modo de ser e pensar, pela vivência segundo tais princípios.
O Objetivo do Aikido Ganseki é disciplinar o caráter humano pela aplicação dos princípios Aiki
O propósito de se praticar Aikido é:
Moldar a mente e o corpo,
Para cultivar um espírito vigoroso,
E pelo treinamento rígido e correto,
Lutar para desenvolver-se na arte,
Obter respeito à cortesia e à honra,
Para relacionar-se com os outros com sinceridade,
E para sempre ter como objetivo o auto-aperfeiçoamento.
Pode se pensar que dessa maneira será possível uma pessoa amar seu país e sociedade, contribuir para o desenvolvimento da cultura e promover a paz e prosperidade entre todos os povos. No Tae Kwon Do, (um espaço para as artes coreadas aqui) por exemplo, isso é muito difundido e eles cantam Hino Nacional muitas vezes e tal.
…..Porém, muitos praticantes de artes marciais acabam por se tornar “mestres de si mesmos” ao se tornarem “teóricos marciais”, com conhecimento e discurso daquele que se considera esclarecido nesta complexa vivência, mas sem a carga de treinamento necessária para a real compreensão daquilo que se está falando. (Vai no Orkut que encontrará muito mestres. Me lembro de um famoso em 2 ou 3 comunidades de aikido que um dia vi em um seminário e tinha uma péssima técnica, tanto como tori, que como Uke. ) Mesmo o espírito estando aparentemente polido, o corpo pode não estar talhado suficiente para que haja real compreensão daquilo que a arte propõe. Estaria próximo da hipocrisia: muito se fala por discursos prontos e frases de efeito, pouco se faz ou se mostra. Infelizmente, no aikido por não ser uma arte competitiva dá margens a surgir os modelos de kimono: Desfilam com kimono bonito e hakama e só tem pose. Para isso basta colarem em um mestre ou professor menos criterioso, ou escrupuloso , e começarem a receberem graduações por adulação ou favorecimentos monetários.
…..Mesmo assim, é possível detectar uma mudança de comportamento no praticante de artes marciais, um tanto independente de qual seja. Fazer uma pessoa viver de acordo com princípios éticos, morais e afins geralmente foi papel da educação familiar, amparada pela orientação religiosa. E a possível falta destes valores na sociedade atual talvez se tenha criado um novo nicho para a arte marcial: a doutrinação espiritual, no sentido que falamos acima.

Mokuso – meditação
…..Todo praticante de arte marcial conhece alguém que pode ser considerado um fanático em sua arte. Aquele colega considerado “bitolado”, não necessariamente talentoso, que vive e respira os conceitos da arte e os exterioriza sempre que pode para aqueles que tem paciência para ouvi-lo. O treino torna-se o centro de sua suposta recém adquirida moral e seu instrutor se torna o ídolo máximo – geralmente considerado invencível. Percebe-se um paralelo muito claro em relação ao fanatismo religioso.
…..Geralmente, esta mudança pode ser considerada positiva (explico a seguir) mas aconselho para ter cuidado para não se envolver com charlatães. Falsos mestres se aproveitam de pessoas leigas em cultura oriental e na estrutura federativa das modalidades marciais para extorquir dinheiro.
…..Mas retornando aos efeitos psicológicos negativos do treino levado exageradamente a sério: o praticante começa a se sentir superior e mais esclarecido do que qualquer outra pessoa ao discutir os aspectos marciais de sua arte ou de outras modalidades. Essa arrogância pode levá-lo a tratar mal novatos e pessoas leigas que se atrevem a ter uma opinião, além de possuir um sentimento falso de que é “digno” suficiente para treinar, e se acha no direito de julgar a motivação de outras pessoas em relação ao treinamento. Em casos extremos, torna-se um indivíduo alienado e violento, ansioso por testar suas habilidades, sozinho ou em grupo, possivelmente em pessoas leigas e fisicamente menos privilegiadas.
…..Mas nem tudo é exaltado pelo ego ou por fanatismo. Por outro lado, existe o preenchimento de valores que até então poderiam estar ausentes de prática, percebidos como virtudes necessárias para o desenvolvimento do bom praticante de artes marciais. E este é o ponto onde o valor do treinamento é justificado no discurso de grandes mestres e veteranos de prática.
…..Existe um estado de comparação entre a prática marcial séria e o cotidiano pessoal e profissional. Situações e atividades simples são desenvolvidas com mais cuidados, mais atenção, concentração e observação. Decisões envolvendo pessoas começam a ser mais bem planejadas, através de estratégia tanto de conduta do tratamento aos indivíduos quanto dos benefícios e ganhos como consequência. Essa mudança de postura do praticante é creditada à arte marcial, que através do treinamento esclarece a necessidade da cortesia e educação – graças à presença de um instrutor orientador e colegas parceiros de treino é que a evolução do aprendizado se torna possível. Sozinho, treinando golpes a esmo, nem sempre.
…..Dessa forma, é comum que as pessoas mais próximas do praticante de artes marciais percebam sutis mudanças em seu comportamento. Tal qual um iniciado em alguma doutrina religiosa, suas ações e palavras denunciam que ele abraçou uma nova postura em relação a vida. E muitas vezes, não faltam comentários ou brincadeiras de amigos e familiares utilizando o termo “lavagem cerebral”.
…..O fato é que, uma vez que pessoa abraça com profunda sinceridade este modo de vida, algo que lhe faltava, principalmente em termos espirituais (aqui, uma pequena licença para estabelecer um paralelo religioso) torna-a mais completa. Uma religião que mostra ao convertido uma forma de pensar e ver o mundo de forma construtiva e saudável para corpo e mente. Além do mais, existem alguns “ritos cerimoniais” e formalidades da cultura oriental que realmente parecem ter apelo religioso, como reverência a fotos de mestres falecidos, altares xintoístas ou cartazes escritos em kanji.

Tou-rei: reverência à espada
…..Qual é conclusão que pode ser oferecida? É interessante manter a mente flexível em relação a opiniões políticas e humanas de forma geral. Certo e errado podem ser muito relativos, por isso é preferível pensar em termos de “positivo” e “negativo”. Se o praticante se torna obsessivo em relação à prática, existem conseqüências naturais que ele deve encarar e não são necessariamente boas ou más. O fanatismo é considerado extremista por estar longe de um centro mais equilibrado. Por exemplo: negligenciar a vida profissional e social constantemente em função de treinamentos definitivamente não agrega nada, pois exclui o praticante da oportunidade de por em prática seus valorosos conceitos morais ao auxiliar as pessoas e fazer parte de algo maior.
…..Por isso, é interessante hoje em dia que haja a busca pelo equilíbrio entre as todas obrigações, sem exageros e sem negligências. Afinal, atuamos em diversas frentes no mundo moderno: somos profissionais em alguma área, estudantes, somos filhos, somos maridos, esposas, amigos e seres que buscam um propósito e um lugar no mundo. Foi-se o tempo em que a dedicação máxima, do custe o que custar, no desempenhar de uma função era considerado correto e valorizado. Dar a vida pela causa poderia ser nobre, mas é impraticável num mundo onde não podemos nos dar ao luxo de sermos egoístas e acreditar que nossa existência e a responsabilidade sobre ela estão apenas em nossas mãos. Vamos ser mais livres…

Inspiração, entusiasmo e mente de principiante

Inspirado na idéia de uma mensagem de um grande Sensei escrevo minha mensagem para voces. Com minha experiencia, com minha vivência. Embora seja meu texto, a cerne da mensagem é a mesma.

Como sempre falo, eu faço aikido a quase 21 anos e estou aprendendo. Por aprender, eu quero dizer tornar mais confortável para aplicar o aikido com o mínimo esforço, com o efeito máximo. As vezes acho que estou conseguindo. As vezes acho que estou desaprendendo. Normal. Nosso nível de exigencia cresce. Voces devem sentir isso. (rs) Mas isto é benéfico para voces todos que querem aprender realmente aikido, e encontrar mais a frente o seu caminho como tenho encontrado o meu. Como digo nossa escola não é para se desfilar de kimono bonito ou de hakama apenas. Deixemos isso para outros. Envelhecer é natural, mas ainda estou continuando a crescer. O progresso é a esperança. Crescimento é a esperança. É por isso que eu ainda posso viver minha vida com esperanças e sonhos. Por exemplo, o crescimento dentro do aikido é como escalar a montanha. Se o objetivo é chegar ao topo, então vá para cima! Mas, quanto mais perto você chegar ao topo, mais difícil se torna a subida. Algumas pessoas sobem pouco do caminho até a montanha sem jamais encontrar o caminho até o topo. Apenas andam para o lado e em círculos. Eles andam muito, mas eles nunca vão ao topo. Uma dificuldade do Aikido é que é uma arte marcial sem competição (esqueçam as competições veladas) e sempre precisamos de uma prova de que avançamos, somos efetivos. Nessa hora muitos dos que andam em círculos lá no sopé da montanha apelam para o misticismo para se convencer e convencer aos outros que estão caminhando para cima. Minha missão é ajudar vocês a encontrar o caminho mais lógico para chegar ao topo da montanha. Não por que cheguei lá, mas por que continuo tentando, e avançei alguns metros a mais que voces. O Aikido não pode ser completamente descrito em palavras, talvez eu possa explicar 50% em palavras, mas o resto você deve encontrar por si mesmo. Eu não posso explicar completamente, mas eu posso te mostrar aplicando tecnicas. Algumas vezes facilmente. Algumas vezes com mais dificuldade, mas eu ainda estou aprendendo. E sempre terá de ser assim: A mente de principiante é a chave do crescimento. Eu posso te mostrar que você tem também a capacidade de ir em frente, subir a montanha, pois nós do ganseki estamos acostumados com a rocha. Se você pratica há 20 anos, você pode entender a técnica, mas você precisa de uma vida para descobrir a melhor maneira de chegar ao topo da montanha e você tem que descobrir como crescer para sempre. Venham comigo. Esta é minha mensagem de Ano Novo: Por favor, tente novamente treinar firme neste novo ano e continue a desafiar-se e crescer para sempre. A base da montanha é pouco para voce. Feliz 2011!

O aikido em minha vida

Por Walter Amorim Sensei

Quando recebi a missão de escrever sobre como aikido mudou a minha vida, a minha maior preocupação não era de o que escrever, o tempo que arrumaria para fazê-lo. Pois tanta coisa tem ocorrido e minha agenda está tão cheia nesse ano que essa era minha preocupação.  Escrever sobre o aikido não é mais uma coisa difícil, pois está entranhado tão fortemente na minha vida que falar sobre ele é natural. Quem me conhece ou pede para falar sobre o aikido sabe. O problema talvez seja parar (risos)

Acho isso natural: Esse ano completo em março 20 anos de prática. Quando penso no aikido, o entusiasmo toma conta. Viro pregador. (Mais abaixo falo sobre esse problema). Então naturalmente posso falar. Esse entusiasmo deve ser o caminho de quem se dedica 20 anos a uma atividade desse tipo.

Em todos estes anos de experiência posso testemunhar muitas coisas certas sobre o aikido em minha vida.  O aikido tem a vantagem de poder ser dosado de acordo com as necessidades do praticante. Entretanto muita disciplina é necessária para avançarmos aos poucos, e dentro de nossos limites, pois também tem uma parte de cobrança física, à medida que nos aventuramos em exercícios mais avançados. Podemos encará-los ou não, é certo. Muitos praticantes começam em idade mais avançada, e em outras artes poderiam estar naquela idade já parando. No aikido existe essa vantagem, de poder iniciar em idades diversas, e ele nos remoçar por dentro. Mas é certo que, à medida que avançamos, vamos vendo nossos limites diminuírem como não esperávamos, mas temos que ter calma e evitar a precipitação.

Quando eu comecei aikido em 1990, eu estava procurando algo que não sabia ainda bem o que era. Que faltava em minhas aulas de karate.. O karate é maravilhoso e até hoje é uma excelente referencia. Mas eu não queria exatamente o lado competitivo, e apesar de, após a insistência de meu professor, ter me dado bem em um campeonato e nas competições internas no dojo, não era isso que procurava. Meu professor foi técnico da equipe carioca e posteriormente da brasileira de karate. Ele devia acreditar em meu potencial, e por isso, em retorno a sua dedicação para conosco, eu fui ao campeonato. Aí logo naquela época começaram a aparece aquele estilo wuku, voltado só para competição (marcação de pontos) e de efetividade e forma praticamente nenhuma. Foi a gota d’agua para desanimar. Com o lado competitivo. Não fui o único, pois posteriormente gerou uma cisão no shotokan, estilo que praticava. Mas o que me incomodava era que queria algo que, como disse, não sabia exatamente o que era. E que encontraria no aikido. O karate explorava um pouco do lado filosófico e espiritual, mas queria mais. E que pudesse a arte marcial moldar mais minhas reações frente ao mundo, ou seja, me preparar melhor para ele. Fiquei mas um tempo, mas por força de umas contusões dei uma meia parada de 1 ou 2 meses nas artes marciais. Aí surgiu por coincidência o aikido..

Já havia lido sobre ele e achei interessante, mas achei que esse tipo de arte não teria no Rio ( a grande Meca sempre foi São Paulo por causa  da migração oriental por lá)e em uma conversa com um amigo do trabalho naquele período de recesso estava falando que queria conhecer outras artes, talvez mudar um pouco. E ele me falou: “Por que não faz aikido? Estou fazendo um curso sobre budismo e o professor, que é monge budista, falou muito bem do aikido. Ele mesmo é faixa preta.” Disse que gostaria sim de conhecer, mas que ele deve ter aprendido em São Paulo e que aqui não tinha no Rio. Aí ele disse que tinha sim, tinha quase certeza. E que o professor dele sabia onde era. Sempre foi o problema doA ikido: Devido a ausência de competições a sua divulgação era pequena. Já estava desde 1963 no Rio e quase que desconhecido.  Hoje graças a Internet isso não ocorre. Eu mesmo acho que sou um grande divulgador. Voltando: Fui no curso de budismo pegar informações. O rapaz me recebeu muito bem e comecei na academia que me indicou.

Tinha visto e conhecia várias artes marciais e quando assisti não consegui entender muitas coisas do aikido. Comecei para conseguir pelo menos entender, pois como praticante de artes marciais por 5 anos no karate tinha perseverança.. Depois de 20 anos entendi tudo o que queria naquela época. Só que busquei outras coisas que quero assimilar mais e continuo mantendo aquele meu sentimento de que muito se tem a aprender.

O aikido, mas do que muitas artes possam propiciar no ocidente, te dá benefícios enormes. O que toda arte marcial, para ser arte marcial, deve dar. Justamente ela, que não tem competição.  De certa forma facilita.. Por não ter competição você fica atento e buscando todo o tempo os outros ganhos da arte marcial. Quando você tem competição ela ofusca um pouco os outros lados, os outros objetivos.  A idéia do  Aikido apresentar mais opções, do que lutar ou fugir também me atraiu. Eu particularmente gostei do controle da situação e do atacante. Não é preciso socar o nariz de alguém para controlá-lo.  Muitas vezes(quase sempre) gera mais conflito. O Aikido te dá à tranqüilidade de controlar a situação tanto mentalmente, como tecnicamente.  E mesmo se não se evitar o conflito e executando uma técnica pode-se evitar a agressão sem gerar mais conflito.

Mais ao longo deste tempo vi que o aikido exige perseverança pessoal e do grupo que resolve praticá-lo. Muitos são os obstáculos. Um deles é o local: Se você estiver em um local onde pode vivenciar a arte marcial em toda a sua completeza e ter tempo e orientação para desenvolver completamente, é ótimo. Entretanto, na nossa vida ocidental, muitas vezes a aula de uma arte marcial está encaixada em um pequeno local, no meio de uma grade de uma academia onde figuram diversas outras atividades. Comumente essas artes marciais ficam convivendo em meio a um barulho ensurdecedor de uma aula de “power lambo aerobic de verão” e somente pelo lado esportivo podem sobreviver. Nesses momento são lutas, ou esportes alternativos apenas, e atividades de academia. Deixam de ser arte marcial. Dificilmente estes locais podem moldar artistas marciais sem apoio. Sem outro local, outro campo onde possa se melhor explorado o caminho. Por isso o  aikido,  é o que tem mais dificuldade de se adaptar nesse locais. Possível é. Mas difícil. Arte marcial exige concentração e dedicação. Por isso os verdadeiros dojos são os melhores lugares. Ou as academias somente de arte marcial ou lutas. Espaços em academias são, para mim, transitórios ou auxiliares de outro local mais adequado. A não ser que tenham certo distanciamento próprio do caminho da arte marcial.

Outro obstáculo é termos adequadas referencias. Meus primeiros contatos, salvo exceções, foram excelentes referencias para conhecer e viver a arte em sua plenitude. Mas outros também serviram de exemplos do que não fazer. Principalmente como Sensei e difusor da arte.

Após o local e professor(es) adequados, acredito que a junção da dedicação, disciplina, vontade e estudo são os itens que irão sempre conduzir ao crescimento marcial.

Como beneficio o aikido me trouxe mais flexibilidade e determinação.  Assim como no aikido nada é rígido e enxergamos as portas por onde passar na execução das técnicas, o aikido vai te dando essa possibilidade de executar isso na vida, e continuar a caminhar sempre em sua evolução pessoal. Essa atitude me ajudou a responder aos argumentos com a minha mulher, os ataques do meu ex-chefe, e birras dos meus 3 anos de idade, dizendo: “Eu entendo que você está frustrados por … “(que estabelece a ligação)” … agora por favor ouvir o meu ponto de vista “.

No dojô freqüentemente falamos de experiências positivas em nosso dia-a-dia, em confrontos no trabalho, conflitos familiares e etc., sobre como a prática do Aikidô nos ajuda a encarar e vencer nossas dificuldades.

Quem não pratica Aikidô, ou outras linhas de Budô, tem duas dificuldades quando falamos sobre o aikido:  (1) podem interpretar como uma espécie de pregação e (2) só quem “sofre” e aprende com os treinos pode ter uma noção mais exata do que se trata aqui.  Praticantes de artes marciais, Ioga e outras atividades ligadas ao descobrimento pessoal, por exemplo, costumam passar por “pregadores”, em função do entusiasmo que transmitem ao discursar sobre o tema.  Acontece que a dificuldade, a exigência para se atingir ou chegar o mais próximo possível da perfeição, o cansaço da busca, a noção da linha fina que separa a vida e a morte, tudo o que é vivido no calor dos treinos ou na consciência da respiração de uma atividade como yoga não pode ser transmitido em um texto.

Minha própria experiência, entretanto, não restringe às artes marciais essa possibilidade de aguçar nossos sentidos.  Qualquer esporte praticado com dedicação pode também abrir essa possibilidade e mesmo outras práticas aparentemente não tão obvias deste esclarecimento (pelo menos para o pensamento ocidental), como jardinagem ou pintura. A diferença, para mim, está no foco que uma arte como o Aikidô tem justamente nesse tema.  Nas atividades e  esportes em geral essa certa “iluminação” se dá de forma mais sutil e como resultado secundário associado ainda ao comportamento do indivíduo (ninguém procura correr para atingir a iluminação, mas é impossível? Sempre que se olhar para dentro de si mesmo não será..). Nas artes marciais (naquelas que preservam e buscam ser artes marciais no sentido expresso) ela é uma conseqüência direta do que implicam os treinos e a verdadeira evolução na arte e não pode acontecer sem isso.

Além do aspecto do auto-conhecimento, há o do auto-controle diante das situações de estresse, pressão, medo.  Nos dois casos há uma ligação estreita, cabal, com a prática do Aikidô.

Isso é evidente para quem pratica, particularmente quando nos lembramos do controle da respiração durante o katá, acentuadamente no jiu waza  ou, dramaticamente, no Randori , diante de vários “oponentes” atacando de todas as direções, sob fortíssima pressão, exercitando a prática de não ser morto ou abatido.

Para quem duvida, aceite meu convite para experimentar!  O único detalhe é que a exigência de uma vida.  Alguns treinos ou mesmo apenas alguns meses, definitivamente não serão suficientes.  Venha preparado para um longo e muito agradável caminho, o “do”, de Aikidô.

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