Começar e terminar

É consagrada a forma do círculo no Aikido. Ela carrega informação sobre a infinitude, com sua ausência de bordas e limites, bem como a noção de equilíbrio, estando todos os pontos igualmente distantes do centro. No entanto, no processo de construção dessas circularidades, podemos tratar de fases com início e fim.

Um dos exemplos disso são o começo e término de cada aula. Em nosso dojo, o ritual de início e fim de cada aula segue um procedimento específico. Com efeito, os praticantes sentam em seiza, virados para o kamiza dispostos lado a lado, formando um triângulo com o kamiza no vértice a frente. A disposição dos praticantes é tal que, tendo o kamiza como referência na frente, os alunos mais graduados ficam à direita e os menos graduados à esquerda. O sensei, então, se aproxima do kamiza pela esquerda, se posiciona em seiza, e se dirige para a frente do kamiza voltado aos praticantes. Após isso, o sensei gira e fica de frente para o kamiza e então por três vezes levanta as mãos em formato de prece e cumprimenta o kamiza. Na última vez, são executadas duas palmas, ao mesmo tempo. Tanto o levantar das maos quanto as palmas são executadas igualmente por todos os praticantes. Ao fim do treino, o mesmo ritual é repetido.

Vemos este processo de início e fim também nos movimentos praticados durante os treinos. Isso porque, quando os parceiros se dispõe para treinar, em geral em duplas, tanto no início quanto no final são feitos os cumprimentos apropriados. Respectivamente, em pé, para tachi-waza, e em seiza, para suwari-waza. Em ambos os casos, a pessoa mais graduada começa a prática da técnica como nage/tori e, equivalentemente, a pessoa mais nova é quem deve se aproximar, para realizar o ataque. Este procedimento de cumprimento é repetido várias vezes ao longo do treino, manifestando a repetição desse padrão de começo e término.

E, assim, vemos que, em diversas ocasiões durante a prática e em diferentes partes do dojo, há “mini-circulos” através de mini sequenciamentos de inicio-fim, repetidos várias vezes ao longo da prática. Deste modo, ao perdermos a noção de qual é a primeira circularidade, conectamos todas estas sequências em um grande círculo. E que consagramos em nosso dia-a-dia como hábitos circulares de cumprimento e desejo de bem-estar. Assim como é consagrada a forma do círculo no Aikido.