LEIA ISTO SE EXISTE ALGUÉM QUE VOCÊ NÃO CONSEGUE PERDOAR

Luiza Fletcher • 21 de setembro de 2016

Eu odeio todos os clichês que existem sobre o perdão.

Eu conheço cada ditado, cada pequeno aconselhamento. Eu li todos os posts sobre deixar a raiva ir. Eu escrevi citações de Buda e as preguei na minha parede. Eu sei que nenhuma parte disso é simples. Eu sei a diferença entre “decidir perdoar” e realmente sentir que a paz pode parecer totalmente intransponível. Eu sei.

O perdão é um terreno vasto e não atravessável para aqueles de nós que anseiam por justiça. O próprio pensamento de deixar alguém impune nos faz mal. Queremos que ele suporte o peso do que fez.

Simplesmente perdoar parece ser uma traição a si mesmo. Você não quer desistir da luta por justiça depois do que aconteceu com você. A raiva está queimando dentro de si e bombeando de toxicidade em todo o seu ser. Você sabe disso, mas ainda assim não consegue simplesmente deixar ir. A raiva é uma parte de você assim como o seu coração, mente ou pulmões. Eu conheço o sentimento.

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Mas aqui está uma coisa sobre a raiva: é uma emoção instrumental. Nós ficamos com raiva porque queremos justiça. Porque achamos que é útil. Porque supomos que quanto mais bravos estivermos, mais mudanças seremos capazes de realizar. A raiva não percebe que o passado acabou e que o dano foi feito. Diz-lhe que a vingança vai consertar as coisas.

Acontece que a justiça que queremos nem sempre é realista. Ficar com raiva é pensar que um dia, a pessoa por quem você foi injustiçado, poderá lhe curar com tamanha precisão que você até mesmo esquecerá que um dia foi ferido. A verdade sobre a raiva é que não é nada além da recusa de se curar, porque você tem medo. Porque você tem medo de ficar perdido em uma vida desconhecida, livre de dor. Você quer sua pele velha de volta.

Quando você está fervendo, o perdão parece impossível. Você quer ser capaz disso, porque intelectualmente sabe que é a escolha mais saudável a fazer. Queremos a paz que o perdão oferece. Queremos a libertação. Queremos que a loucura em nosso cérebro se acalme, e ainda assim não conseguimos encontrar uma maneira de conseguir.

Aqui está o que ninguém conseguem dizer-lhe sobre o perdão: Não vai resolver nada. Não é uma borracha que irá enxugar a dor do que aconteceu com você. Ele não desfaz a dor que você está vivendo com e nem lhe concede a paz imediata. Encontrar a paz é uma batalha longa e difícil. O perdão é apenas algo para manter-se hidratado ao longo do caminho.

O perdão significa renunciar à esperança de um passado diferente. Significa saber que o passado passou, a poeira baixou e a destruição deixou um rastro que nunca pode ser reconstruído. É aceitar que não há uma solução mágica para o dano que foi causado. É a constatação de que por mais injusto que tudo tenha sido, você ainda tem que viver em sua cidade em ruínas. E nenhuma quantidade de raiva vai reconstruir aquela cidade. Você tem que fazê-lo sozinho.

O perdão significa aceitar a responsabilidade – não de causar a destruição, mas de limpá-la.

O perdão não significa que você tem que fazer as pazes com quem te machucou. Não significa fazer amizade, simpatizar ou validar o que fez a você. Significa apenas que aceitar que essa pessoa deixou uma marca em você. E que, para melhor ou pior, essa marca é agora o um fardo seu. É a decisão de curar suas próprias feridas, independentemente de qual marca ficará em sua pele. É a decisão de avançar com cicatrizes.

O perdão não é sobre deixar a injustiça reinar. Trata-se de criar a sua própria justiça, o seu próprio carma e seu próprio destino. É sobre se recuperar e decidir que o resto de sua vida não vai ser infeliz por causa do que aconteceu com você. Significa caminhar corajosamente para o futuro, com cada cicatriz obtida ao longo do caminho. O perdão significa dizer que você não vai deixar o que aconteceu com você te definir.

Perdoar não significa desistir de todo o seu poder. Significa que você está finalmente pronto para recuperá-lo.

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Traduzido pela equipe de O Segredo – Fonte: Thought Catalog